Tendência de mercado: matrizes reprodutoras + ninho coletivo = a combinação perfeita
Na avicultura, há uma tendência global em escolher ninhos coletivos ao invés de individuais. Frank Hartmann explica como criadores querem otimizar o espaço e fazer investimentos inteligentes.
Iniciarei este artigo dizendo o óbvio: a automação reduz a quantidade de força de trabalho necessária. O mesmo vale para qualquer setor, incluindo a avicultura. Especialmente quando se trata de matrizes reprodutoras, nunca subestime o lucro adicional que pode ser obtido através da automação. As estatísticas são bastante impressionantes:
- Em média, para alimentação não automatizada e ninhos de postura manuais, é necessário um funcionário de período integral para cada 3 mil galinhas.
- A transição para a alimentação mecânica dobra a capacidade para 6 mil galinhas por funcionário.
- Investir em automação de ninhos eleva esse número para 12 mil galinhas por pessoa.
- Com uma embaladora de ovos automática, é possível atingir uma capacidade de 18 mil animais por funcionário.
Além disso, a automação pode permitir elevar o número de animais por galpão para maximizar a rentabilidade. No entanto, há limites para isso. Empresas de criação especificam a área mínima de alimentação por galinha. Portanto, o número de matrizes reprodutoras que pode ser mantido depende do layout do seu galpão. Sua escolha do tipo de ninho — coletivo ou individual — também exerce um papel muito importante para determinar quantas galinhas o seu galpão pode acomodar.
1. Eleve a densidade dos lotes com ninhos coletivos
A densidade dos lotes para galinhas varia, dependendo se você possui um galpão com um ninho coletivo (estilo UE) ou com ninhos individuais (estilo EUA). Com um ninho coletivo — uma fileira de ninhos no centro do galpão — é possível instalar facilmente três circuitos de alimentação, mesmo se o galpão tiver apenas 12 metros (40 pés) de largura. Isso significa que é possível ter um circuito de alimentação na área para esgaravatar em cada lado do ninho e um terceiro circuito ao redor do ninho nas ripas (imagem). Isso expande a capacidade de alimentação e significa que você pode manter um número maior de animais no galpão. Com ninhos individuais, geralmente há duas fileiras de ninhos no galpão, uma à esquerda e uma à direita. Os dois circuitos de alimentação são colocados perto ou ao redor do ninho (imagem). Com ninhos individuais, geralmente não há espaço para um terceiro circuito de alimentação. Portanto, ninhos coletivos utilizam o espaço disponível no seu galpão de maneira muito mais eficiente.
Ninho coletivo estilo UE: um circuito de alimentação na área para esgaravatar em cada lado do ninho e um terceiro circuito ao redor do ninho nas ripas.
Ninho individuais estilo EUA: há duas fileiras de ninhos no galpão, uma à esquerda e uma à direita. Os dois circuitos de alimentação são colocados perto ou ao redor do ninho.
Um galpão com um ninho coletivo também tem a vantagem de que a densidade do lote de galinhas pode ser mais alta do que com ninhos individuais (tabela). É por isso que investir em um ninho coletivo automático é uma das maneiras mais rápidas de elevar seus lucros e reduzir custos com mão de obra. Custos com mão de obra podem variar muito de acordo com a região mas, no final das contas, toda empresa que deseja lucrar pode beneficiar-se com a redução de custos.
Tabela: o impacto dos ninhos na densidade do lote
O conceito de ‘ninho coletivo’ foi originado na Europa. Lá, ninhos coletivos são o padrão para todos os projetos de matrizes reprodutoras. Criadores de matrizes reprodutoras imigrantes da Holanda introduziram esse conceito no Canadá. Quando eles lançaram uma nova empresa de avicultura no país, trouxeram a ideia do ninho coletivo com eles. Atualmente, dois terços do mercado de avicultura canadense utilizam ninhos coletivos, e essa proporção está apenas aumentando.
Na região do Pacífico, quatro de cada cinco galpões com matrizes reprodutoras são equipados com ninhos coletivos.
Na Ásia, a variação é ainda maior. Em países com baixos custos de mão de obra, sistemas de ninho manuais ainda são utilizados, mas números mostram uma tendência para sistemas automatizados. A decisão de utilizar ninhos coletivos é frequentemente influenciada por tradições, hábitos e pelo clima local. Conforme mais proprietários de empresas nessa região optarem por galpões fechados e climatizados, a porcentagem de ninhos coletivos aumentará.
Na América do Sul, metade dos criadores disseram ‘sim’ para ninhos coletivos e, no Brasil, esse grupo representa 75 %.
Nos Estados Unidos, todos optam por sistemas de ninhos automatizados com compartimentos individuais. Há espaço para apenas uma galinha por abertura do ninho. Esse sistema provou-se popular devido às altas densidades de lote (para os EUA). No entanto, usuários de ninhos individuais não são capazes de elevar suas densidades de lote além de um determinado ponto, por três motivos:
- locais de alimentação limitados, uma vez que há ‘apenas’ dois circuitos d alimentação (conforme explicado acima).
- longas fileiras de caixas de ninhos individuais criam uma barreira para as galinhas, resultando em menor circulação. Com frequência, isso leva a uma distribuição não uniforme no galpão.
- mesmo com duas fileiras de ninhos, o espaço disponível para ninhos é limitado.
Quer elevar a densidade dos lotes? Escolha um tipo de ninho diferente capaz de suportar uma capacidade mais alta e que permita elevar a capacidade de alimentação. Ninhos coletivos podem suportar essa densidade de lote mais elevada, portanto, afetar drasticamente o seu retorno sobre o investimento. Isso explica por que há uma tendência global para escolher ninhos coletivos ao invés de individuais.
- O termo ‘ninho coletivo’ é sinônimo de ‘estilo UE’. O estilo UE é um layout de galpão que foi originado na Europa.
- O ninho fica localizado no centro e há ripas nos dois lados do ninho.
- A densidade de lote média no galpão é alta: 6 a 7 galinhas por m² (1,8 a 1,54 pés² por galinha).
- Os custos de investimento mais altos são recuperados rapidamente: a densidade de lote mais alta reduz o custo por ovo fertilizado e eleva o retorno por m².
- A demanda está crescendo no mundo todo por ninhos coletivos.
2. Eleve os retornos com galpões de produção mais longos
No passado, limitações técnicas restringiam o comprimento do galpão:
- o comprimento máximo das linhas de alimentação e bebedouro
- a capacidade de ventilação
- a capacidade de alcance de esteiras de ovos
No entanto, em algumas regiões, há uma tendência para tornar galpões mais longos para matrizes reprodutoras na fase de reprodução.
A abordagem nos novos galpões mais compridos
Ao esboçar planos para novos galpões, criadores de aves geralmente decidem sobre a construção e o layout do galpão na fase inicial. Bem cedo no processo de projeto, eles tomam dois passos importantes de uma vez. Atualmente, há possibilidades mais técnicas, o que significa que um galpão mais longo não apresenta restrições devido às limitações do equipamento do galpão. O design de ninhos coletivos evoluiu, de modo que comprimentos não são mais um desafio.
Agora e no futuro, o comprimento de um galpão será determinado com base em outros fatores, como os custos de construção por metro quadrado e a rentabilidade resultante.
Expandir a largura dos galpões é outra possibilidade. Na Europa, criadores de aves frequentemente dobram a largura de um galpão para acomodar duas fileiras de ninhos coletivos. Esse ajuste também otimiza os custos de construção por metro quadrado e a densidade dos lotes. Essa tendência está sendo adotada gradualmente em outros países.
3. Evolução do ninho coletivo
Em regiões onde o ninho coletivo já é o padrão, há novas ideias para melhorar a rentabilidade.
Mais galinhas significam maior lucro – nem preciso dizer isso. No entanto, mais galinhas significam que você precisará de mais espaço para ninhos. A profundidade dos ninhos coletivos no mercado varia muito, mas as opções de comprimento do ninho são limitadas. Com uma maior profundidade do ninho, você poderá abrigar mais galinhas enquanto atende a todas as regulamentações. Logo, a profundidade do ninho é um fator importante para otimizar seus lucros. Quanto maior o ninho, mais alta será a densidade dos lotes no seu galpão.
Outra maneira de elevar seus lucros é reduzir a distância entre o ninho e a área de esterco. Isso significa que o passo que as galinhas precisam dar é significativamente mais baixo. Estudos mostram que reduzir a altura da ripa – de 60 cm (24”) para 25 cm (10”) – reduz pela metade as mortes por lesões nas pernas. O acesso mais fácil também reduz o número de ovos de cama. As galinhas não precisam pular com tanta frequência, e isso significa que elas podem alcançar o ninho com maior facilidade para colocar o ovo.
A tendência para a transição para esteiras de ovos de plástico já está bem encaminhada. As vantagens disso sobre as esteiras de ovos de tecido são claras. Um criador de aves que utiliza esteiras de ovos de plástico jamais voltará para as esteiras de tecido. Os principais motivos para isso são a higiene e a facilidade de limpeza. Devido às perfurações na esteira de ovos, sujeira, ovos quebrados e penas caem, deixando apenas ovos limpos. Se você quiser saber mais sobre a importância de ovos limpos, consulte os manuais das três maiores empresas de criação: Hubbard, Cobb e Aviagen.
A melhor opção para matrizes reprodutoras
Se você quer profissionalizar-se e crescer como criador de aves, investir em ninhos automáticos é uma necessidade básica. A importância da rentabilidade está levando o setor global de avicultura a optar cada vez mais por ninhos coletivos com um estilo UE. Desenvolvedores de equipamentos para galpões estão investindo em inovações para melhorar a rentabilidade de ninhos coletivos. Minha dica para cada criador de aves que está planejando construir um novo galpão? Tome sua decisão antes de iniciar o projeto de construção, pois uma abordagem integrada pode resultar apenas em um melhor retorno sobre o investimento.